terça-feira, 6 de novembro de 2012

Talavera Bruce Agrícola...

Boa noite, Vietnã...

Já estou cumprindo pena em regime fechado... rs...
Estou pagando algo que devo à sociedade que convivi...
Está muito difícil...
Não há comunicação com o externo...
Não há e-mail, não tenho mesa para guardar meus pertences... Não há telefone que eu possa usar...
Ninguém usa relógio... logo, o tempo não existe...
Não tenho o direito de usar celular...
O mundo aqui em fora, está ficando cada vez mais distante...
Não há comunicação...
Eu burlo, of course... rsrs...
Mas, o mundo não está interessado em saber o que acontece em Talavera Bruce...
O mundo não se interessa por Talavera Bruce...
Aqui faz muito calor...
Não tem como se esconder...
Não é arborizado... é seco... e o sol, castiga... cega...
O uniforme é camisa com mangas compridas... sapato fechado...
Trabalho 12 horas...
Uma tentativa de diminuir a pena...
Trabalho forçado...
Em Talavera Bruce, apenas regras... leis...
Não há sorrisos... não há afeto... amizades... companheirismo...
Se vc está aqui, apenas cumpre a sua pena...
Não tenho lugar...
Eu que busquei sempre um "porto seguro", não tenho onde pousar...
E isso cansa...
É voar sem poder descansar...
Não há pouso... não há descanso...
Não tem lugar...
Nenhum lugar é meu...
Nem aqui, nem em São Paulo... em lugar algum...
Sol brilhando... céu azul... SEMPRE!
Olhos que não te veem...
Aves de rapina ao redor...
E, estranhamente, a ausência da saudade...
Estou evitando sentir...
Não é permitido sentir em Talavera Bruce...
Quem ousar fazer isso, assina sua sentença...
Então, eu optei em não sentir...
Não sinto saudades, não sinto pena, não sinto ódio, não sinto esperança...
Mas, ainda há tristeza...
E o vazio...